domingo, 21 de dezembro de 2014

Mais um que você não vai ler e que eu escrevi com raiva

Tão dizendo por aí que a gente é o casal perfeito
Deve ser a tecnologia
Tipo Pitt e Jolie
Queria ver no dia-a-dia
Hoje em dia imagem é tudo
O povo acha bonito mistura de etnias
As vezes eu acho até legal, dá um efeito no instagram
Tiro uma foto nossa todo domingo de manhã
Que você não me dá nem bom dia
Eu finjo que ligo, mas tô cagando pras curtidas
É chato ser mina e realista
Minha vontade era ser romântica
E pensar:
Uma viagem a dois
Que bom!
Mas se pá eu queria ir sozinha
Sem câmera fotográfica na mão
Com mais amor no coração
Sem rotina
Sem olhar indiferente
Sem problema na mente
Até o silêncio
Que me incomoda tanto
Seria bom
Eu nunca soube fingir
Nem ser desprezada
Ou caminha comigo ou segue sozinho na caminhada
Eu não fui criada pra implorar migalha
Por favor,
Me beije
Me ame
Me olha
Sempre que possível
E sempre que não for
Nunca vou pedir
Mas aprecie as minhas poesias
Nunca esqueço nenhum neguinho que me elogia
Alimente meu ego
Porque o seu já tá cheio
E o meu saco também
Prefiro quando eu falo um monte de merda
E você diz amém
Do que quando você reclama
Que a gente não tem nada a ver
Que eu falo demais
E manda eu ir me fuder
Essa raiva só vai passar quando eu comer McDonalds
E você me comer


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

a mesma rotina que esmaga é a que regenera
conviver é arte
é forma pura de amor
ceder e ser dois
também é libertação
renovando os pensamentos

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Desde a primeira vez
Que você disse
Quero ser livre
Eu me prendi
Em um sentimento de falta
E quis
Me prender pra sempre em você
Fiquei perdida
Me prendo até hoje
No passado
Me prendo na esperança
Me soltei dos meus problemas
E nos prendi no mesmo teto
Pra encontrar os nossos problemas
Me prendo nas coisas boas
Pra esquecer as ruins
Me prendo nas lembranças
Você
Me perde
Quero ser livre
Das paranoias
Que escondo até de mim
Me perco
E me acho em você
Me prendi em nós
Me perdi de mim
"Se você tiver que escolher entre você e o seu amor,
Você escolhe quem?


Você escolhe quem?"


domingo, 2 de novembro de 2014

Para André

O que movimenta sua cadeira-de-rodas
São seus pensamentos
A todo momento
Em movimento
O que abre seus caminhos
São seus olhos
Seu foco é meter
Um soco
Direto
No reto
Da moral
É um moleque do bem
Que simpatiza com o mal
Com o mal-falado
Com o mal-vestido
Com o mau-caráter
Com o maltrapilho
Seu pouco amor é todo dos incompreendidos
E da primeira mulher que aparecer
Despida
E disposta a se divertir
Sua história é de poeta nato
Consciente e perturbado
Louco pra não ter o que fazer
Foi dar um rolê no inferno
E o diabo não te quis
Foi até o céu
E deus te renegou
O jeito foi voltar pra terra
Pra terminar o seu melhor poema
Que até hoje ele não acabou.

sábado, 11 de outubro de 2014

Ana Lucia

Minha melhor amiga
É a pessoa mais maluca
E a mais sã que eu conheço
Sã porque é incompreendida
Maluca porque compreende demais
Tem meu nome
E o meu signo
Mas entre nós
Falta algo que não é o "N"
E sobra algo que não é o Lucia
É alma gêmea
Fraterna
Porque não é igual
Só que completa
Eu sei todos os defeitos e qualidades dela
Mas ela inteira
Só cabe em um poema
Quando me conheceu fez cara feia
Agora toda vez que me encontra
Sorri
Ana não sorri com os olhos
É poesia
Mas não é poética
Sorri com os dentes
Porque seus olhos quase nunca chegam a abrir
É o moleque mais sexy
A mulher mais macho
A criança mais esperta
O adulto mais frágil
Não é parecida com ninguém
Porque ela é
No pleno sentido de ser
Incomparável
Inconfundível
Chega a ser verbo
Mesmo ninguém podendo analuciar
Só ela
É sujeito de si mesma
Tem graça natural nas palavras
Melancolia natural na vida
Da sua cabeça sai o colorido
Dos seus sonhos
Da sua roupa
Da sua boca
Cheia de palavrão
De gratidão
De TESÃO!
Ana Lucia escolheu há 7 anos
Ser a grande dona do meu coração

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Sobre cama, mesa, banho & parente

Eu nunca tive uma visão romântica de amor e de relacionamentos. Foi a minha criação e concordo com isso. Não gostava da história da Cinderela, gostava do João e Maria porque eles saíram de casa sozinhos. Me deu uma vontade de falar sobre isso depois de coisas que venho pensando sozinha, vou explicar com detalhes o que acho de certas coisas:

O casamento

Não vejo essa importância que a galera dá pro casamento. Essa coisa que nunca pode ser desfeita e que tem um peso enorme na vida das pessoas, principalmente na da mulher. Eu acho que é só uma cerimônia que celebra a alegria de estar juntos de duas pessoas que se amam, não sei porque envolvem deus e o Estado nisso, mas whatever! Parece que nessa vida existem coisas que devem ser oficializadas.

As alianças

Não acostumei a usar aliança. Tenho a impressão de que não significa nada, mas é bonito até. Fiz uma tatuagem que acho mais legal que o objeto de ouro.

A Família

A instituição família? Pra mim é só algo que non ecziste! Esse amor incondicional na famíliaaaaaaaaa! A família é o que se deve presar. Não entendo. A gente deve presar pessoas que nos amam e nos respeitam. Geralmente a maioria da sua família são pessoas que criaram laços antigos com você, um amor de convivência, uma lealdade genuína, mas tem uma galera também que é da sua família e é um ser humano de bosta! E não vai deixar de ser porque é da sua família. Esse negócio de: "noooossa, mas é família!" Foda-se.

Os Relacionamentos

Eu acho que o amor entre duas pessoas passa longe dessas coisas romantizadas, machistas e sagradas. Sorry! Só é bacana ficar perto de alguém com quem você cria afeto, e que a convivência - sim, de novo a convivência - te faz amar e querer ficar mais perto ainda, tipo na mesma casa. E acaba sendo natural que vocês queiram, um dia quem sabe, ter um filho e ter belas experiências na vida. Mas, gente, coisa chata tornar isso obrigação, desespero, algo indispensável  pra vida. Acho muito chato querer ser casal antes de querer ser indivíduo. Muito.

Os Filhos

Quem quer tem e, por favor, educa pra ser do mundão. Quem não quer, economiza dinheiro.



E é isso. Enfim, minha opinião. Sendo feliz é o que importa.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

"Não sei se a vida é pouco ou demais pra mim.
Não sei se sinto demais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consanguinidade com o mistério das coisas, choque
Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz.

Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger
A dar vontade de dar gritos,de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.

Cruzo os braços sobre a mesa, ponho a cabeça sobre os braços,
E preciso querer chorar, mas não sei ir buscar as lágrimas...
Por mais que eu me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro
Tenho a alma rachada sobre o indicador curvo que lhe toca...
Que há de ser de mim? Que há de ser de mim?

[...]

Assim fico, fico... Eu sou o que sempre quer partir,
E fica sempre, fica sempre, fica sempre,
Até à morte fica, mesmo que parta, fica, fica, fica...

Torna-me humano, ó noite, torna-me fraterno e solícito.
Só humanitariamente é que se pode viver.
Só amando os homens, as acções, a banalidade dos trabalhos.
Só assim - ai de mim! -, só assim se pode viver.
Só assim, ó noite, e eu nunca poderei ser assim!"

(Álvaro de Campos)

Quando você não pode colocar em palavras o que há dentro de você, Fernando Pessoa, com certeza, pode. E isso sempre esteve dentro de mim. A insatisfação com tudo o que satisfaz. A inadequação ao que é adequado. A vontade de viver todo prazer e toda a desgraça do mundo, contanto que eu viva tudo. Essa sensação é esse poema. Esse poema sou eu.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Messias

Eu sou o peito
Que entra na frente do tiro
37 nunca vai ser metralhadora
Pega de raspão
E não acerta outra
Porque eu sou a mão
Que puxa
Do fundo do poço
Eu sou sempre o lenço
Das lágrimas de saudade
Eu sou compaixão
Solução
Nunca marinheiro
Sempre capitão

Síndrome

Sinto meu coração esfriar
Quando você encosta em mim
Suas mãos geladas
Sua pele suada
Sinto minha respiração parar
Quando te escuto ofegante
Seus olhos inquietos
Seu coração barulhento
O seu medo
Que eu não entendo
Como nunca entendi porque
Todos que meu amor toca
Se tornam vulneráveis
Sou melhor amiga da morte
E quando me aproximo
Os que não desistem da vida
Acabam tendo pânico de vivê-la
Eu sou a única que encara
Qualquer batalha
Mas já não posso resolver nada
Nem viciante
Nem passional
Nem patológico
Eu nunca vi ninguém vencer guerra
Sozinho
E eu já morri
Mais de duzentas vezes
Procurando as bandeiras da paz
Talvez eu
É que seja o conflito
Talvez eu
Não sei viver sem conflituosos

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

"Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar." LISPECTOR, Clarice in A Paixão Segundo G.H.

domingo, 27 de julho de 2014

E eu não mudo, mas eu não me iludo

Muitas vezes eu queria não ser isso que eu tenho dentro de mim. Eu queria ter isso aí que chamam de postura. Não sei não sentir ciúme, não sei não sentir desprezo, não sei não sentir ódio. Não sei não sentir coisa ruim quando me enfrentam. Não sei disfarçar sentimento. Não sei não gritar sentimento. Eu queria saber não falar na cara toda vez. TODA SANTA VEZ eu tenho que falar na cara. Queria não transformar tudo o que é intenso em caos. Queria manter a minha fama de pessoa equilibrada e não surtar. Queria não achar que eu estou sempre certa, simplesmente porque eu sou uma das pessoas mais erradas que já conheci mesmo achando que certo e errado são coisas relativas. Porque certo e errado existe sim. Cansei de chorar a ressaca moral. Cansei de não saber ficar sóbria. Estou sempre cercada de gente louca, porque eu prefiro essa gente, porque eu ando com essa gente desde sempre, porque eu atraio como imã essa gente. Mas nem sempre eu preciso disso. Já disse e repito, sou o amor no estado bruto e isso é insanamente cansativo. Porque nunca é metade, é sempre inteiro. E  inteiro sou sempre eu. Chuto as pessoas certas e seduzo as erradas.  Eu não queria amar tanto o contrário. Eu não queria me lixar pra alguém e no outro dia implorar pra que essa mesma pessoa não se lixe pra mim. Porque eu não sou nada mais que o outro, apesar de meu orgulho me cegar. Eu queria mudar de opinião mais fácil. Eu queria ser outro bicho que esse que eu sou. Muitas vezes.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Poeta

Falta fluidez aos novos poetas
E a mim
Falta tempo
Falta espaço
Para organizar os pensamentos
Falta calma
E fumaça
Falta graça
Falta entender que
Poesia não é ser
Não é aplauso
É silêncio
É falta
E falta um rio de certezas
Sobra lágrimas de dúvidas
Aos que nunca vão crer
E muitos menos se dizer
Poetas

O florescer da pedra

Há de se fazer poesia
Há de se enxergar
O belo no estranho
O tesão no impuro
A segurança na confusão
O ódio no cristão
A paz no obscuro
Há de se preferir o fruto verde ao maduro
Tudo é verso
E o silêncio é rima
O ritmo é a rotina da vida

A delicadeza brutal das coisas
O interesse natural das pessoas

Há de se transformar em soneto
O que se passa desapercebido
A lágrima de sono que escorre
No canto do rosto
O cisco que é cílios
Irritando o seu olho
A primeira visão de você mesmo de manhã
No espelho do banheiro
Tudo é colorido em preto e branco
Tudo é barulhento
E ao mesmo tempo brando
Interessantemente sem graça
Tudo é arte em movimento
Há de se gritar o olhar do tímido
Há de ser mesmo não sendo

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Segunda-feira

Apesar de segunda-feira
E da porcaria da rotina
Hoje pode ser um dia bom
Correndo pro trabalho
Ao sol do meio dia
Eu escutei um som
Olhei para os lados e
Encontrei o pedreiro sentado
Em meio a construção
Ele estava em outro mundo
Cercado de escombros
Dedilhando um violão
Sua voz suave me fez sorrir
E a delicadeza da cena
Me tocou o coração
Nem tudo é tão ruim
Que a gente não posso colocar
Um pouco de emoção


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Eu sou neguinha

Há dias venho pensando em falar de fato sobre ser negra. Ser negra acaba sendo, numa visão social e histórica dos fatos, uma experiência, um estado, um desafio. Sempre falei sobre negritude e sobre o negro de forma geral em pequenas doses. Mas nunca falei sobre ser negra e o que isso significa pra mim no meu ambiente social, no meu país, no meu mundo, na minha vida.
Meus pais são negros. Sei pouco sobre a vida deles e sobre as experiências deles. Meu pai morreu cedo, foi alguém que nunca tive muito contato, era alcoólatra pelo que me recordo, e minha mãe foi meu grande espelho de mulher. Minha mãe é uma nega bonita que eu acho que até hoje ainda não sabe o valor de ser uma mulher negra. Minha mãe sempre teve amigas brancas, as suas irmãs eram, apesar de mulatas (devido a mistura racial da família), consideradas brancas. Apesar de sempre frequentar lugares dominados pela cultura afro, minha mãe cortou seu cabelo por muitos anos e quando finalmente os deixou crescer e criar vida, ela alisou. E ela fez a mesma coisa com o meu cabelo, aos 11 anos de idade eu estava sentada em uma cadeira e com uma química forte em meus fios, perdendo meus lindos cachos e com a promessa de que eu  ficaria parecida com uma princesa, porque, afinal de contas, as princesas têm cabelos lisos. E sempre escutei que meu nariz era largo demais e meus lábios grossos demais. Um colega de classe passou um ano durante todos os dias rindo na minha cara por conta dos meus lábios e eu nunca respondi. Quando menor ainda, uma desconhecida pediu que eu saísse do seu lado para que não encostasse aqueles cabelos nela. Minha mãe, assim como minha vó, que era negra, recomendava que sua filha não tomasse sol demais. E eu entendo o porquê, era para evitar o sofrimento. Eu seria aceita. Seria aceita por uma sociedade que julgava meu cabelo ruim, meu nariz feio, minha boca grande e minha pele pouco convidativa. Tive poucas amigas negras nos bons colégios que estudei, tive poucas referências na tv e achava que alisar o cabelo e pensar em fazer plásticas para mudar meus traços era algo absolutamente normal. Eu me sentia feliz quando alguém dizia que eu não era tão escura, quando me chamavam de "moreninha". Isso se chama processo de embranquecimento.
Na minha adolescência a minha pele se tornou convidativa. Porque ela era da cor do pecado, ela trazia olhares maliciosos, porque negras, além da pele bonita, são boas de cama, têm natureza sexual. Mas nunca são para casar. Isso se chama sexualização da mulher negra. Acredite, há muita gente que não sabe que mulheres têm desejos sexuais normais assim como os homens e que isso independe de sua cor. A mulher negra sofre duas vezes o preconceito, o racismo e o machismo.
Na fase adulta, quando pela informação, inclusive da Internet, pelo interesse em me reconhecer em gente como eu, em saber o que essas pessoas pensavam, pela sede em descobrir e questionar o meu mundo, eu entendi que meu cabelo era bonito e que eu poderia tirar aqueles produtos dele, que minha cor não era motivo de vergonha e muito menos um apelo sexual, que meu nariz não precisava de plástica e que eu era uma mulher bonita com minhas próprias ideias e opiniões porque eu era eu. Eu nunca precisei que alguém me achasse bonita ou feia, que me achasse inteligente ou burra, que alguém me achasse arrogante por expressar sem medo as minhas opiniões ou humilde por expô-las, nunca precisei que alguém me achasse mais ou menos. Eu só precisava ser e ter orgulho de quem eu era.
Quando alguém questiona a autoestima de uma mulher negra que fala de si e de seus problemas, quando alguém diz que a mulher negra se vitimiza e tapa os olhos para toda história e para o racismo presente e pulsante, quando alguém elogia uma negra para "fazê-la sentir-se melhor", eu lamento. Isso se chama racismo. E eu lamento muito pelo racismo.
Enxergar com olhos bem abertos e falar sobre o preconceito de todo tipo, ao contrário do que os supostos subversivos polemiquinhos dizem, é sempre bom. Causa reflexão. A cada dia vejo mais meninas lindas se descobrindo, valorizando sua cor, seu cabelo, seus traços, valorizando o seu ser. A cada dia vejo mais pessoas brancas entendendo porque um negro usa uma camiseta com os dizeres "100% Negro" e a importância da valorização da raça. Um negro que sabe o seu valor é um negro que beneficia outro ser humano, pois se torna um espelho pra quem ainda vive no abismo do racismo. Uma mulher negra que sabe o seu valor é uma rainha, pois o abismo é muito maior. A cada dia enxergo mais compreensão e evolução.
E àqueles que ainda não compreendem, eu desejo um sorriso negro.


terça-feira, 24 de junho de 2014

Borboleta e aranha



Essa noite sonhei com uma aranha e uma borboleta
A borboleta pousou
A aranha prendeu- se com força em minhas mãos
Eu joguei pra longe a aranha
E fiquei olhando a borboleta amarela
Você é assim como elas
Me prende e me liberta
Me protege de mim mesma
Segura as minhas mãos mesmo quando me falta sanidade
Aguenta firme quando te jogo
É paciente diante do meu silêncio
E na confusão das minhas ideias
Quando vou além dos limites da minha loucura
Minha mente sempre embaça a realidade
E eu preciso das suas teias
Eu preciso te deixar voar
Pra que eu possa entender que mesmo sem te sentir
A gente pode ser feliz
Você ainda estará no reflexo dos meus olhos
E em todos os meus sonhos

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Coadjuvante

Pareço meio sem graça
Depois que me apaixonei
De vez em quando me liberto
Tiro a roupa
Mas na maioria do tempo
Me faço de boba
Não tenho muita coisa pra mostrar

Nunca mais escrevi poesia
Samba bom é de tristeza
E a minha alegria seca
A fonte de inspiração

Me sinto como uma flor de rua
Que brota da rachadura
Sem muito glamour
Mas que ainda consegue chamar atenção

Me sinto como um grão de areia
Dentro da concha posso ser pérola
Fora dela sou só mais uma
Em meio a multidão

Sem grandes feitos
Me limito a sentir bater a onda fria
E no horizonte vejo o sol se pondo
Por enquanto vou me contentando
Com os poesia da vida
Com observar sem dar opinião

sexta-feira, 13 de junho de 2014

O cara que eu escolhi pra casar

O cara que eu escolhi pra casar era diferente de todos os outros desde início. Simplesmente porque não existia cara nenhum, eu achava esse papo de casamento uma baita idiotice e não via liberdade nenhuma envolvida no fato de escolher alguém e ser reciprocamente escolhido.
Eu tava numa puta crise, num puta caos interno e externo quando eu o conheci, e tinha acabado de aprender pela dor que sentir era algo intenso e que eu sempre estive certa em manter uma distância segura das pessoas.
Nunca pensei que o Rafael seria o escolhido. Não foi amor a primeira vista. Achava bonitinho, mas pegajoso. Achava que tinha ideias na contramão das minhas Achava tudo, menos que ia casar com o ruivinho. Comecei a namorá-lo porque tinha me apaixonado loucamente? Não. Foi só porque ele falou que tinha tudo a ver e que a gente tinha que tentar e como eu não achava nada disso, eu quis pagar pra ver. Ele pediu sem querer, eu meio que não aceitei, depois de uns três meses a gente já tinha largado e voltado umas duzentas vezes. Tava dando super errado, mas o tempo foi passando. O Rafael era um moleque perdido, mentia pra tudo, mas tinha um coração puro, ele me achava a menina mais linda do mundo, quer dizer, falava que achava, até que um dia ele quis, sei lá... Voar sozinho. Começou a achar tudo aquilo uma baita idiotice também.
E eu não aceitei isso de jeito nenhum. Chorei meses. Ele foi bem sacana na época, mas o namoro era realmente uma bosta e foi bom que terminou. Mas nos meses que passaram, eu senti falta dele. Senti mesmo. Todos os dias. Ele era um problema pra mim. Era um amigo que fazia falta, um carinho que fazia falta, um tesão que fazia falta. Demais. E toda vez que eu tentava voltar com ele e não conseguia, eu queria morrer de tanto desgosto. Esse cara me frustrou mais que qualquer um.
Menina dos teus olhos.
Até que um dia eu consegui. E foi tudo pior ainda, tive as tretas mais monstras da minha vida, porque eu odiava amar aquele imbecil que já tinha me feito sofrer tanto. Mas, porra, eu continuava amando, e ele que negou tanto, continuava lá me amando também. Algo tinha que ser feito.
E então, nós conseguimos. Depois de tanto sofrimento eu tinha me acalmado. E o Rafael? O Rafael tinha deixado de ser um moleque e se tornado um homem. Um homem gentil, educado, sem preconceitos,sem machismo (que sorte!!!), atencioso, compreensivo, companheiro, divertido, meu melhor amigo e amigo dos meus amigos. Ele era diferente, era ruivo e era raro. Hahaha! E eu parei. Parei nele. Tava assim... Perfeito pra mim. Nós nos redescobrimos, nos apaixonamos. Passei a fazer algo que era essencial para que uma relação desse certo e que eu nunca tinha feito, eu passei a enxergar as suas qualidades e a admirá-lo. E ele também fez o mesmo comigo.
Eu estou aqui agora, sentada no sofá e parece que toca música até quando desliga o rádio. Ele está sentado no outro sofá e tem o melhor sorriso envolto por uma barba laranja linda. E quando ele olha pra mim eu sinto meu coração cheio e aquecido. Daqui a pouco nós vamos dormir abraçadinhos na nossa cama, na nossa casa. E amanhã também e depois, e depois, e depois. E nós vamos brigar mais e nos amar muitas vezes mais. E vou amar suas brincadeiras idiotas e aguentar seu comentários chatos eternamente enquanto durar. Porque, afinal de contas... esse foi o cara que eu escolhi pra casar.



 Pois todos os caminhos me encaminham pra você.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Há coisas maiores

Não admiro como se vestem
Como se perdem
Como se pintam
Não reparo em vaidades
Não dou ouvidos a verdades vazias
Um dia me incomodei com esse tipo
Hoje não ligo
Mas tambem não aperto a mão
Eu busco boas ideias
Boas energias
Bom coração
Admiro mesmo quem pensa não só por si
Mas pelos outros
Acostumei a parar de comentar maus pensamentos
Minha resposta aos fracos
Passou a ser o silêncio
Mas dessa vez achei mais sensato escolher a poesia
A maldade alheia as vezes me inspira

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Não queremos bananas

E o povo fazendo carão
Com a banana na mão
Será que entendem a condição
Dos pretos?
Será que realmente se perguntam:
E eles?
O que é que eles têm nas mãos?

Merecemos hashtag em que situação?
Nós somos todos iguais?
E os outros, o que é que eles são?
Não são tão bonitos nas fotos do instagrão?

"Somos todos macacos"
O que causa incômodo
É ninguém ter questionado a expressão
É tudo uma questão de reprodução

Politicamente corretos
Mas sempre escorregam na própria casca
Jogada no chão


segunda-feira, 14 de abril de 2014

sobre o amor e outras coisas

Se eu fosse homem também me apaixonaria por mim. Aliás, eu já sou apaixonada por mim. Faço o meu tipo. Sou bonita, irritante e tenho senso de humor.
Não gostei de quase ninguém nessa vida... Devo ter amado uns 4, posso contar. O primeiro foi aquele loirinho do pré, meu amor acabou quando eu tava no balanço e ele veio me pedir pra eu sonhar com ele, pra mim amor aos cinco anos só servia se fosse platônico. O segundo foi o Gil, que eu só amava porque não conhecia, se eu conhecesse, com certeza, não amaria, mas foi bonito porque passei um tempão amando alguém que eu imaginava, tipo um namorado imaginário. O terceiro foi o André, que eu só amava porque conhecia bem, mas também nunca disse que amava, foi um amor descompassado, quando eu o amava, ele não me amava, quando ele me amava, eu não tinha certeza, fomos ex-namorados sem nunca ter namorado. E, finalmente, o quarto foi o Rafael, típico amor de novela, um casal que não tem nada a ver, nunca dá certo e no final casa. De resto ou foi tensão sexual ou frustração do que poderia ter sido, mas na verdade nunca seria.
Todos se apaixonaram por mim, eu sei muito bem, porque não é difícil se apaixonar por um cara como eu. Elas sempre achavam que eu estava sentindo alguma coisa diferente, que minhas atitudes eram um sinal, mas, na verdade, eu só queria me divertir e conhecer novos corpos e ideias. Eu não sei porque, mas o Rafael sempre diz que odeia esse meu lado, deve ser porque quando eu o conheci me comportava assim.
Sempre demoro pra entender e aceitar que estou amando alguém, mas também não tenho problema nenhum em assumir, nem em me declarar, sou como todos os tontos que conheci, boba e apaixonada.
Como é legal ser tonto e bobo, tão legal quanto ser esperto e desapegado. Como é sensacional ser tudo junto, amar, desamar, chorar e rir.
Posso amar mais seis coisas só pra dar dez. Em quinto amo a vida, em sexto suas aventuras, em sétimo as desventuras, em oitavo eu mesma, em nono minha boca e em décimo minha inteligência.
Em décimo primeiro amo escrever, só pra me contrariar e dar um a mais que dez.
Prefiro ímpar.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

pra toda regra, existe uma exceção

Ando percebendo que as pessoas agora tem protocolo pra viver.Agora não, acho que há muito tempo, na verdade.
Dizem "case-se". Mas case-se com tal idade, com tal pessoa, que tem tal emprego, more em tal lugar, compre estes móveis, tenha tantos filhos, ou não tenha filhos, não faça tatuagem, não beba demais, adquira conhecimento que dê dinheiro, trabalhe para ter status, ame pouco para não parecer bobo, seja, esteja, viva da maneira correta. "Comporte-se".
Tem receita pra tudo, pra bolo, pra namoro, pra ter cachorro. Todo mundo tem deveres e direitos, que mais parecem consequências previamente planejadas dos deveres.
Se você não segue as regrinhas (intituladas como conselhos ou ensinamentos) que levam direto à confortável vida feliz, você pode (olha só que perigo!) sofrer, chorar, frustrar-se e passar por outras milhares de coisas ruins, que eu, ingenuamente, um dia achei que fizessem parte de uma vida bem vivida.
Te chamam de azarado, imaturo, rebelde e até mesmo de burro se você não sabe ser feliz do jeito que se deve ser ou que todo mundo é. Que fique bem claro: seja feliz, mas do jeito certo.
O que eu queria dizer é que isso tudo é um saco. De onde veio esse jeito certo? Essa sistematização? Essa cartilha de vida boa? As pessoas podem ter tudo bem planejado e serem felizes seguindo a cartilha (e na maioria das vezes não são), mas isso é tudo MUITO chato! Vim ao mundo para aprender, é claro, mas nada me impede de experimentar o novo. Lá vou eu ser feliz do meu jeito!

quarta-feira, 5 de março de 2014

Felicidade é só questão de ser

Estava esperando tudo dar certo pra soltar todos os sentimentos que estão pulsando aqui dentro nesse momento da minha vida. Tudo começa a mudar e de repente eu me vejo aqui construindo o meu futuro sozinha. Fico ansiosa, desesperada, com medo (com muito medo), e feliz... Muito feliz. Misto de sentimentos na porta de entrada da tal "vida adulta".
Agora tenho um novo emprego, o primeiro depois de formada, eu e meu namorado vamos (dessa vez de verdade) construir um lar, o nosso lar, e todas as responsabilidades vão surgindo... Bom, isso é que se espera de todo mundo: emprego e família estáveis. Sinceramente, nunca pensei que eu fosse encontrar a minha felicidade e plenitude no que se espera de todo mundo. Mas hoje, eu percebo, mais madura, que a vida não é uma coisa só. A vida pode ser construída a partir do que se espera de todo mundo - que por incrível que pareça faz feliz -, e por mais um monte de descobertas, transtornos, dificuldades, realizações acrescentadas à toda caretice sendo vividos, superados, aproveitados.
Me sinto livre trabalhando pra alguém, me sinto livre amando alguém, me sinto livre fazendo tudo por mim mesma. Liberdade ilusória? Talvez, mas a de todo mundo é, basta prestar atenção. Quero aproveitar cada momento desses que estão começando, quero dar o máximo de mim, quero brigar, chorar e ser feliz.
A felicidade assim de forma tão natural que vai chegando junto com o tempo dá medo. A gente busca tanto a felicidade, quer tanto ser e parecer feliz, que quando a vida te mostra que ser feliz é aprender e não querer ser, isso te surpreende.
Muito animada com tudo, parece até estranho, mas estou esperando até as contas pra pagar!!! Hahahha. Agradecida por ter alguém muitas vezes chato, um pé no saco, hahahha, mas TÃO legal comigo, descobrimos cada dia um mundo juntos. Agradecida por tantas amizades verdadeiras há anos, como isso me conforta! Agradecida pela sorte de ter uma minha família que me formou com tanto esforço e que me apoia tanto. Agradecida por corpo e mente sãos. Agradecida pelas velhas, pela nova e pelas futuras fases. Agradecida pelas energias boas que me cercam. A felicidade pode ser gritada, mas eu prefiro cantar a minha, naturalmente, entre os meus.

 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Mais vasto é o meu coração

Acho que 24 anos é a idade oficial da indecisão. Às vezes acho que quero tudo, menos você. Às vezes acho que quero você e mais nada. É difícil ter certeza. A única coisa que dá pra saber é que você está envolvido em qualquer uma das decisões.
No fundo eu sei o que eu quero.
Quero que minha vida tenha a mesma sensação prazerosa da sua pele encostando, energizando, aquecendo a minha durante a noite. Quero a paz de te olhar dormindo, e a inquietação dos seus espasmos. Quero a segurança da sua voz e a insegurança do seu silêncio. Quero a emoção dos nossos beijos amorosos e o tesão dos apaixonados. Eu quero a sua boca... E o seu bigode. Quero uma bebedeira em que você esteja perto, e uma brisa em que nós estejamos longe. Eu quero a gente nas nuvens. Quero nossas brigas, as piores, quero nossas reconciliações, as melhores. Eu quero o amor e quero a dor. Quero todos aqueles que me fizeram desejá-lo de volta. Quero nossas lembranças e nossos sonhos. Quero os arrepios, quero os vinis, quero a roupa suja. Quero nossos problemas compartilhados e nossos segredos. Quero ser feliz.

Eu quero você. É! Eu quero você, além de querer tudo.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Que não seja eterno enquanto dure

Uma das minhas grandes angústias é o "pra sempre". Tudo que envolve este desejo/sonho/sentimento me angustia, me chateia, na verdade me dá medo. Nunca soube lidar com  isso de "até o fim da vida".
No amor, tudo que remete a infinito me dá desespero, acho que quase ninguém sabe disso, faço o possível para que não desconfiem.  Mesmo que eu tenha encontrado a pessoa certa, mesmo que eu queira estar com ela todos os dias, mesmo que eu ainda não tenha tido real vontade de deixá-la, mesmo que eu ache do fundo do coração que ainda podemos descobrir um mundo juntos, dizer "até que morte nos separe" é quase violência pra mim, tenho pavor de pensar sobre isso.
O que eu vou ser para o resto da vida? Para o resto da vida? Ser obrigada a decidir isso é desesperador. Terminei a graduação e não quero nem exercer a profissão, pois um dos meus medos é que isso dure demais, me imagino dizendo: "Sou professora aposentada". Para o resto da vida professora. Não!
Todo mundo ao meu redor tem tatuagem, praticamente todo mundo que eu conheço tem lá sua marquinha... Minha tia de 60 anos vive com a ideia de fazer uma tribal no pé (?), e eu até hoje não tive coragem de fazer qualquer desenho que eu soubesse que iria ficar na minha pele até que eu morresse. Não foi pela dor, nem pelo medo de enjoar ou ficar feio, foi simplesmente pelo fato de pensar em perpetuar aquilo.
Não tenho, especificamente, aversão ao "pra sempre", mas ao "pra sempre" em minha própria vida, em mim. Esse desejo/sonho/sentimento que algumas pessoas têm em relação as suas vidas é uma das coisas que eu tenho verdadeira dificuldade. Talvez isso me prejudique e me bloqueie, mas minha alma não permite que eu aceite como algo normal.
Confesso que enxergo a beleza do tal "pra sempre", que enxergo a coragem que isso envolve, a probabilidade de dar certo, confesso que até gosto que outras pessoas se sintam assim. Gosto também de eternizar, mas prefiro pensar que não faço parte do eterno. O que eu quero, na verdade, é que tudo dure para sempre, mas sem que eu perceba.

toujours est trop pour moi

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Inerte

Há meses não sei o que escrever... Há meses eu simplesmente não sei. Não sei. É como se eu estivesse no modo automático todo esse tempo, ali, só vivendo sem saber. Ainda amo, ainda sinto, ainda choro, ainda rio, mas... sei lá! Perdi de vista as borboletas, não sei pra onde voar.
Nada me deixa pior do que uma situação que anula a minha criatividade e a minha vontade. Pior de tudo é que eu não sei nem o porquê, eu não sei nem pra quê eu ando me comportando assim.
Eu quero ensinar? Quero aprender? Quero viajar? Quero ficar? Quero virar hippie ou me casar e ter três filhos? Meu problema é querer tudo, tudo e ao mesmo tempo... Mundo, vasto mundo. Coração vasto demais.

Eu preciso me conformar que isso tudo é incerteza e insatisfação antes que eu me perca em eternas dúvidas e enlouqueça. Eu sou um pedacinho de nada.

Avante!