quinta-feira, 28 de abril de 2016

a diferença
entre
voar e dar rasante
a gente sabe
no instante
em que aprende
o que é horizonte
e o que é fresta
nem todo mundo pode
ou compreende
nunca será fruto maduro
pois nasceu semente
já não tento me ajustar
ao que me aperta
na caminhada paciente
dei água ao pássaro
e à serpente
jogo sujo
não mais me pega
quem corre
escorre
quem encara
morde
se mastiga
engole
quem vacila
atesta
sem conversa mole
um alecrim
três porres
meu esforço vão
só se for pra festa
num
total
de
zero
chances
nunca
tive
nem
metade
do
pouquinho
nem
um terço
de
um
por cento
nenhum
grão
fico
nessa
vontade
cheia
de
vazio
vácuo
ar
comprimido
mínimo
múltiplo
de nada
subtração
sigo
inteira
tomada
lotada
todinha
abarrotada
até a boca
multiplicada
cem
por cento
preenchida
de tesão

terça-feira, 26 de abril de 2016

dia
cinza
em cima
de mim
vejo seu rosto
indo
e vindo
seus dedos
deslizando
como a chuva
descendo
caindo
sentindo
sua língua
me inclino
arrepio
gemido...
pela janela
cortando
o corpo quente
entra
o vento frio
sinto
meus olhos
abrindo
lamento
era só
um sonho
mas continua
desejo
vivo
instinto
queimando
na carne
na mente
sua imagem
me deixou
no cio
saia
de poá
por onde entra
o ar
aumenta o fogo
vestido solto
quente
nunca morno
sem sutiã
brisa
da manhã
acordar cedo
só se for
pra ter chamego
sou da lua
nua
sua
rua
e boêmia
minha
fluida
louca
meus versos
saem
na madrugada
das minhas
mãos
estouram
prazeres
e cores
refrescantes
como cerveja gelada
vento na cara
sem
meias
palavras
leve
livre
sua boca
prende
meu coração
escapa

terça-feira, 19 de abril de 2016

solução de ilusão

chegou
me cegou
secou
o sangue
que escorria
sem
estancar
sem mais
nem menos
não sofria
mais
mas sem deixar
de desconfiar
foi
subordinada explicativa
um sopro
uma necessidade
de satisfação
entre as vírgulas
da vida
um sossego
um tesão
uma saída
depois
sumiu
saiu
sei lá
eu sentia
sozinha
mas sem dor

saudade
se for
nem sei explicar

sábado, 16 de abril de 2016

sou como dizem
coração mole
idiota
realista dilacerada
esqueço fácil
quem me caça
me some
a cara do predador
consumida
às vezes pela cachaça
na maioria das vezes
pelo amor
amo
até quem me fura
pelas costas
um sorriso
já me põe disposta
a compreender
a pequenez do outro
a enxergá-la em mim
me xingue
beije meu ex-marido
me odeie sem motivo
eu te amarei
essa é minha vingança
meu coração fridesco
árvore da esperança
sempre vê
alguma poesia
na dor do mundo
opressores
invejosos
arrogantes
preconceituosos
amo sem distinção
digo não
me incomodo
não suporto
me revolto
o que nunca consigo
é ter ódio
nada pode ser maior
que o meu perdão

quinta-feira, 14 de abril de 2016

eu não nasci pra ser de alguém
isso porque
os jornais dizem que valho
mais de mil vinténs
é certo
sempre desperto
mais que um pênis ereto
provoco
o cérebro
o desespero
tiro fora do eixo
não peço arrego
encaro de frente
não calo
pra frente
apesar disso
sou pateticamente
normal
nunca fui diferente
não sou biscate
tenho modos
me encaixo no sonho da família
só não suporto
nem nunca suportei
a ideia de ser uma
isso sempre me faz sofrer
nunca diga nunca
mas eu exijo prazer
cerveja gelada
poesia
bocas de meninas
você

Mariposa



ninguém reparava
em suas asas
antes que começasse a voar
incomoda
porque é mariposa
e não borboleta
diferente
asas negras
pela noite
batem
exploram
ares
casas
corpos
gosta de se sentir abrigada
entre paredes
mas some
assim que o dia amanhece
é predestinada
a olhares desconfiados
uma presença
que hora acalma
hora enlouquece

segunda-feira, 4 de abril de 2016

é como a chuva
num domingo de manhã
quando chega
me desperta
só pra eu ter o prazer
de relaxar de novo
folga
brisa
cheiro
seu abraço
não é aguaceiro
é chuva fina
que molha
escorre
e limpa
chova todo dia
em mim