quinta-feira, 28 de junho de 2012

"Melhor saber os nomes das flores do que confessar infantilmente que desconheço a natureza.

Melhor ter um bom senso de direção do que contar como muitas vezes me perco.

Estas confissões redundam em cabotinismo, mas aqui não tenho nada do que me vangloriar.

Melhor saber do que ser ingênua. Não sou mais uma menina.

Melhor ser decidida, obstinada, do que educada, submissa, dócil à escolha de outra pessoa.

Admitir meus erros, quando fui enganada ou se aproveitaram de mim - um luxo que raramente devo me permitir. As pessoas podem parecer solidárias, na verdade nos desprezam um pouco. Fraqueza é um contágio, gente forte evita os fracos com razão."

(Diários Susan Sontag)

sábado, 23 de junho de 2012

No love, no glory, no hero in her sky...

Despedida

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ? - me perguntarão. -
Por não Ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra ... )
Quero solidão.


(Cecília Meireles)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Preciso desabafar, e não adianta eu sentar em frente a alguém e falar, falar, falar, ninguém entenderia. Existe algo dentro de mim, me corroendo. E esse algo é a dor de pensar como eu tive que aguentar tantas coisas, como eu tenho que aguentar. Eu levei tantos socos, as pessoas me decepcionaram de tantas formas, eu caí, eu perdi as esperanças, eu chorei tantooo, e a vida seguindo em meio a tudo isso, que injusto! Sem merecer eu carreguei e carrego tanta raiva, tanta dor, tanta mágoa, tanta tristeza e o que eu tenho que fazer? Eu sempre me obrigo a levantar, a olhar pra cima, a sorrir, a rir de tudo. E esse algo vai ficando preso a cada vez dentro de mim, a cada dia maior. E eu posso passar os dias, eu sei que aguento, mas quando chega a noite, eu percebo que não tenho nenhuma mão pra segurar... Quem tem um deus reza, quem tem um namorado abraça, quem tem uma mãe dorme, quem tem a si mesmo descansa, mas eu não tenho ninguém. Eu não tenho ninguém e é isso que me machuca. Estou perdida do mundo e de mim mesma e ninguém vê, ninguém percebe. E se depender de mim, mais uma vez, ninguém vai notar. Não tenho do que reclamar, tenho me sentido melhor, tenho me sentido feliz, mas quando paro pra pensar no que as pessoas fizeram comigo, me bate uma revolta, eu me sinto tão sozinha no meio de pessoas tão podres. Pessoas a quem eu dei amor, e que foram egoístas, sujas, eu não tô falando especificamente, mas de todas que ajudaram a formar essa angústia que carrego, eu não consigo esquecer o que elas me fizeram, isso me faz mal, e eu guardo só pra mim. Odeio ser a coitada, eu não quero ser e eu não sou, mas precisava chorar em forma de palavras. Eu só queria dizer que não aguento tudo isso, felicidade eu não finjo, se digo que estou feliz é porque estou, mas de resto, eu sei fingir o que eu quiser, e ando fingindo que aguento...


Mas eu preciso continuar.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A estranheza de(o) ser

Quando de repente percebe que já não pode lembrar dos gestos dela. Não pode lembrar como ela abria os olhos ao acordar, nem do som da sua risada, nem de uma história que a fazia chorar... Pode achar que ela gostaria de uma música, mas não pode afirmar. Não pode lembrar de nenhuma parte de seu corpo, é tudo vulto em sua mente, é tudo escuro... É assustador saber que já não se recorda que cheiro ela tem e nem da maciez do seu toque. Mais assustador ainda é saber que se a encontrar ela vai dizer apenas "olá" e continuar a andar.

Nós somos todos estranhos nesse mundo, não podemos nem ao menos saber se amanhã nosso corpo e alma estarão juntos.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A arte de descompor a ordem e compor a desordem

“A escritura como tatuagem: inscrever sentenças na página, adereços rituais de cerimônia mágica. Sentir a carnadura das palavras, em gozo bacante; ceder a seus jogos, permutações de cores e linhas como sentido e mistério (...)“ Cláudio Daniel

terça-feira, 12 de junho de 2012

Neste dia dos namorados eu estou me forçando a acreditar que exista alguém nesse mundo mais do que sincero, quero acreditar que exista alguém leal o bastante pra se dividir algo tão verdadeiro como o amor. Eu estou me forçando a acreditar que ainda possa haver luz por aí.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Ai, que eu não caibo mais aqui!
Que meus desejos não cabem mais aqui...
Tão pouco espaço pra tanta falta!
É mundo que sobra no meu abraço,
É escassez do alimento da alma,
É a vida que ficou pequena demais pro tamanho da minha vontade.

"Mundo, mundo vasto mundo
mais vasto é o meu coração."

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Pode-se enxergar a tristeza em você ter me feito deixar de acreditar em deus,
E pode-se enxergar a felicidade de agora eu depositar toda fé que tenho em mim.
Encorajei-me a andar sem olhar pra trás,
Mas quem sabe se eu olhar você não some nas sombras?
E eu, que não sou Orpheu, vou cantar para quem queira me ouvir...
Você fica com os deuses do inferno, neles eu ainda acredito.
Se esse deus é tão justo,
Que justiça é essa que envia os homens para machucar as mulheres,
Torná-las duras e frias diante do amor, e culpá-las, então, pelo mal de outros homens?
A minha raiva é o grito em ecos de tudo de ruim que você me disse,
Ainda depois de tudo de ruim que você me fez.
Cada palavra que caiu no teu esquecimento,
Bate de volta em mim todo dia e me dá impulso para a vida.
Esse ódio pode até ser fraqueza...
Mas o que importa é que é fraqueza que empurra pra frente,
Não é lágrima que puxa pra trás.
E se quer saber da verdade...
Não, eu não te amo mais,
Só que ainda rezo antes de dormir.