sexta-feira, 9 de junho de 2017

Um salve ao preto marginal!
Não só aquele que teve seu futuro encarcerado
Não só aquele que teve seu sonho cancelado pelo Estado
Um salve também ao preto que é visto, não lembrado
O preto marginalizado
Que além da cor carrega o fardo do preconceito multiplicado
O preto dos picos, dos extremos
Das margens espaciais reforçadas pela ideia hostil
O preto periférico, o preto nordestino
Preto analfabeto, preto retinto
O preto do rodapé do Brasil
O preto além da linha do centro
Do padrão de preto que é aceito
O preto raíz que ao país deu origem ao fruto
Um salve ao preto do gueto!
não foi inventada 
a palavra que explica
por isso, 
nada foi dito ainda
não foi inventado 
o sentimento que cura,
pois o tempo flutua e
esse furacão vira brisa
menina,
começo
mais uma vez
minha verdade assim
não quis ferir suas delicadezas
em meus versos
porém complexos da alma
me atingiram em harmonia
exata
e eu toquei pro começo do fim
você sabe bem disso...
o descompasso que organiza a vida
num dia
vai na cadência do tamborim
no outro
grita feito cuíca

a lágrima escorre
seca
o resto é que está 
molhado
a vida mais uma vez
chega
transbordando
meu coração
inundado
cansado
em meu velho barco
sob o silêncio de um
sol iluminado
permaneço
queimando
sozinho
entre as correntezas
incrédulo
estático
e como quem protege
os grandes amigos
o vento
me sopra aos ouvidos:
você já conhece
as águas
não durma
não pule
cuidado

Estranho pensar no ângulo da sua lembrança
Pra mim tudo aconteceu do meu ângulo
O amor é um poliedro
Para o universo
Outras vértices
De nossas partes
A cada dia eu te vejo
A cada dia você me vê
E eu comecei a te amar
Quando você disse "eu te amo"
Na hora de gozar
E eu sei que você me ama
Porque olha nos meus olhos
Enquanto eu gozo
Você me encara
Faz-se
A outra face
Da minha face
As linhas que nos ligam estão dentro
Convexos
Complexos
Unidos