quinta-feira, 21 de julho de 2016

o que te faz
um poeta
não é ser
pro amor
é ser
do amor
não importa
a dama
a fama
a trama
a cama
o poeta sempre
irremediavelmente
escreve e
ama
ama
&
ama
como um filho ao revés
você nasceu
quando entrou em mim

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Emancipada da escravidão mental

Achei que era coisa da minha cabeça
Idéias diferentes
Culpa da rotina
Mas na verdade era
Fernanda
Larissa
Ana
Todas as Fabianas
Além de tantas do seu trabalho que eu não sei o nome
E todas as mulheres que me ameaçavam
Sem rostos
Você sempre esteve disposto
A me deixar em dúvida
Tudo o que eu via era medo
Lembro da primeira vez que você disse que não me amava mais
Foi um dia depois de dizer que me amava muito
Não era confusão
Era abuso
Era uma forma de dizer que eu não tinha sido, que eu não era e que eu não podia ser
Quem poderia saber?
Os mesmos braços que me envolviam
Inesperadamente me empurravam porta a fora
As mesmas mãos que me acariciavam
Com fervor me machucavam em doses alternadas de dor
Não havia, de fato, mãos e braços
Mas havia olhares e palavras
Que me transformavam em alguém doente
Minha mente incessantemente pensava na dor exata em que a primeira facada de sentimentos me cortou
E eu sempre perdia o controle
Me dilacerava em dois picos
No primeiro eu era o bicho feroz que te feria
No segundo, era o assustado, o indefeso
Com as garras presas a você
Tremendo
Temendo
E depois disso,
Nos dias que seguiam
Você sabia como trazer de volta um clima frio
O desprezo
Eu era como um grão
Que não sabia que podia ser semente
Quantos dias eu senti medo...
Como eu senti medo...
De finalmente descobrir que eu não era mesmo nada
Havia sempre uma mulher melhor, um beijo, um carinho, um sexo, uma companhia, uma vida, um mundo
Tão melhor que eu
Todo dia pra mim havia...
Até quando você ia na padaria da esquina de casa
Eu desconfiava
Me esforçava pra manter um sorriso
Sem me lembrar de todas as suas mentiras
Que por tanto tempo foram travestidas como a minha loucura
Além de tudo eu sentia culpa
Tinha vergonha
De mim
Do meu corpo
De nós
Não contava pra ninguém o que acontecia
Vivia o que não existia
Pra não me sentir tão só
Enquanto isso você me dizia que eu pensava que sabia tudo
Só pra que eu achasse que não podia ser inteligente
Dizia que as pessoas me paparicavam demais
Só pra que eu achasse que não podia ser amada
Dizia que tinha dificuldades de me elogiar
(Assim como fazia na rua com outras meninas)
Só pra que eu achasse que não podia ser bonita
Dizia toda noite que não me queria
Só pra que eu achasse que não podia ser desejada
Mas quando a gente saia me beijava beijos de novela
Porque sabia que outros olhares podiam e iam me encontrar
E naqueles dias na volta pra casa
Meu coração se enchia de esperança
Mas você fazia sempre questão de me pôr no meu lugar
Nos dias bons trazia café da manhã na cama
Pra que eu não fizesse drama
Se descobrisse suas tramas do dia anterior
Você sempre fez o que eu quis
Mas nunca o que eu precisava
Assim era mais fácil me desfazer
E se fazer
Enquanto todo mundo acreditava
E eu morri aos poucos
Eu que demorei tanto pra saber que também tinha direito a vida e ao amor
Pelo amor de deus
Eu sou uma mulher preta
Pelo amor de deus
Eu sei o que é ser rejeitada desde cedo
Você foi a primeira pessoa que quis me namorar
O primeiro que me viu como sujeito
No começo minha dureza era só falta de prática
Era fuga da chance de mais uma vez ser usada
Mas com você parecia amor ingênuo
No início parecia algo bom
Por isso eu cultivei pra que se tornasse afeto
Infelizmente no fim só colhi tristeza
Eu demorei pra assimilar, pra perceber
Uma tristeza tão profunda
Que me emudeceu
Marejou meus olhos
Tornou meu corpo rígido
E deixou cicatrizes invisíveis
E agora eu sei porque quando saí por aquela porta
Eu me senti como um passarinho
Eu pensei que não podia
Eu pensei que não acabaria
Mas acabou
E eu nunca mais vou permitir
Apesar do medo
Apesar da solidão
Apesar do que o sistema impõe a minha e a tantas peles pretas
Apesar das lembranças que ainda me fazem dormir chorando
Apesar de ser mulher e saber o peso que carrego por isso
Não vou mais permitir que minha cabeça seja invadida ao ponto de eu não poder enxergar o que realmente existe no meu reflexo
Eu sou bela, eu sou forte
E não permito que ninguém tente me convencer do contrário
Eu não permito o que não me permite
Eu renasci.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

se contente
com as mentes de 16 anos
that wanna be me
eu já parti
pros states
pro não sei
dessa vida
sem ti
tudo é convidativo
por isso não me decido
falar sobre amor
não consigo
sobre dor
eu só sinto
entre isso e aquilo
eu escolho o destino