sexta-feira, 24 de abril de 2015

Sobre o direito das mina

Pâmela Poetisa Musa Inspiradora Hendrix pediu pra eu transcrever o que eu disse antes de recitar minha poesia "Respeita as mina" no Centro Cultural Vasco no SARAU URBANO. Eu me lembro do que eu disse, e lembro também que na hora acabei esquecendo de algumas coisas que eu deveria ter falado, então, lá vai na íntegra todo o sentimento:

Uma pessoa (Graziela Delalibera) disse uma coisa pra mim e pra algumas amigas há um tempo, que me fez refletir e perceber que passou da hora da mulher falar pela mulher. Eu acho que a gente pode sim se colocar no lugar do outro, eu acho que a gente deve se colocar no lugar do outro, mas só quem passa, só quem vive certas situações é que sabe. E é por isso que eu acho que é o preto que tem que falar pelo preto mesmo, o pobre que tem que falar pelo pobre e é a mulher que tem que falar pela mulher. Nós devemos ser protagonista das nossas lutas.
Só uma mulher sabe o que é acordar cedo pra ir trampar e ter que ouvir qualquer merda de qualquer um na rua só porque isso é normal. Só uma mulher sabe o que é ter medo de andar sozinha numa rua escura. E daí pra pior. Só uma mulher sabe o que é ter medo de ser estuprada, só uma mulher sabe o que é apanhar na frente dos filhos do marido que chega bêbado em casa porque não fez a janta. Só uma mulher sabe o que é ser morta por ser simplesmente mulher.
E sabe porque isso acontece? Porque a mulher não pertence a ela mesma. Ela pertence a uma sociedade de pensamento podre. A uma sociedade que acha que ela precisa se calar, se esconder, se tampar, tomar cuidado. Como se a culpa das atrocidades cometidas contra mulher fosse dela mesma. Uma sociedade que demoniza as mulheres, que diz que mulher é o capeta. Nego só acha que mulher é o capeta quando ela não é para proveito próprio.
A gente precisa perceber que quanto menos liberdade nós damos as minas, mais nós abrimos espaço pra que qualquer um ache que tem direitos sobre elas.

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