terça-feira, 18 de abril de 2017

Você que me tocou com esse coração de doação, peço perdão pela falta de noção, eu me escondi embaixo do caminhão, porque sou cão. Sou cão de rua. Apanhei do antigo dono e dos gatos mais malandros. Eu lato por tudo. Não, não mordo a mão que afaga, só não reconheço o afago, por isso morro de medo quando tua alma se aproxima. Quero fugir todo dia do seu lar, voltar pra rua. Mas hoje eu pensei no seu olhar fiel, eu pensei na nova sensação de ter um bom companheiro, eu pensei feito um cão... Naquele dia em que você me recolheu cheio de sarna. Em como você vem cuidando das feridas. E eu tenho vontade de cavar a terra fundo pra não esconder simplesmente nada. Eu não largo mais esse osso.

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