quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Meu olho

Tenho um terceiro olho. Ele fica do lado de dentro. Diferente dos externos, não disfarça o que vê. E diz, meu olho que sente e não finge, também diz. É ele que te escreve, é ele que te fala. Sensível demais para o silêncio, meu terceiro olho grita. Meu terceiro olho existe. Meu terceiro olho é de fato. Não está nas costas, nuca, testa ou antebraço. Não se pode ver esse meu olho extra. Estrangeiro à vida externa, enxerga só o que me toca sem o tato. Nunca se cala... Aperta as pálpebras, depois arregala e chora sem vergonha. Escorre lágrimas de tristeza, felicidade, carência, carinho, tesão. O olho mágico, bonito e confuso, se deságua no meu mundo caleidoscópico, se perde em cores, dores, amores e ópio. Meu terceiro, bastardo olho, faz cegamente poesia o tempo todo.

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