sexta-feira, 27 de maio de 2016

O abuso psicológico dói como um abuso físico. Quem já sofreu, sabe. É ferida que fica aberta.
Reconhecer que foi abusada psicologicamente por alguém  é um processo de libertação e lágrimas. Admitir que alguém que você ama pode fazer mal pra você é um primeiro passo. Gritar é um segundo. Deixar é o terceiro.
Quando sua mente é abusada você se autoboicota o tempo todo, se culpa, é comum que quem abusa te faça acreditar que atitudes tomadas contra você não existem, ou são inocentes impulsos, e que você cria situações em sua própria cabeça,  que a tristeza e dor que você sente são apenas loucuras, alucinações. E é nessa hora que você se sente pequena, a menor do mundo, insegura e frágil.
A sociedade machista nos abusa psicologicamente todos os dias. Eles podem nos fazer acreditar que nosso corpo é desprezível ou que é tão convidativo que é impossível se controlar perto de nós, que nós não somos interessantes ou somos muito, isso baseado no interesse masculino, que não somos dignas de elogios ou que devemos caladas ser "elogiadas" por qualquer um, que somos dispensáveis ou que servimos para servi-los.
Somos objetos de consumo. Descartáveis, trocáveis, usáveis.  Nossos sentimentos, ideias, vontades desaperecem porque somos produto.

E produtos funcionam, não reclamam.

Minhas feridas estão abertas, mas eu cansei. Não quero mais ser produto. Falharei, eu sei, porque tudo é construído pra que eu falhe. Mas eu falarei. Gritarei. Jogarei na cara toda vez. Porque não é remorso, é dor.

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