quarta-feira, 8 de maio de 2013

Não diga que me ama

Lembranças vagueiam por cada espaço da minha cabeça e voltam subitamente aos meus olhos. Posso ver sua boca enroscada em outras bocas doentes, sua mão acariciando corpos sujos, sei quem são. Desprezo-as como os piores vermes. E aceito, sabe deus porque, que misture suas condições vulgares e nojentas a mim. Não queria.
Todos os dias quando acordo ainda dou de cara com seu olhos de repulsa, que me expulsaram pra que entrasse as prostitutas. Me negou como Pedro, três vezes, ainda sinto o peso da cruz. Infelizmente não sou feita de perdão.
Queria que minhas vontades fossem maiores que minha memória, mas memórias ruins, não são apenas dores que passam, são imensas cicatrizes, visíveis para qualquer um que passe. Todos riem disfarçadamente, eu sinto, você sair maliciosamente pelas minhas costas para encontrar o seu mundo doente.
Ainda estou caindo no abismo de que eu queria te salvar. Eu caio e nunca encontro o chão. Estou indo ao encontro da morte. Crueldade sem fim.
Desde que me levantei de onde eu chorava ao teus pés, vejo minhas tantas lágrimas escorrendo pela sarjeta em minha própria direção, entram em meus ouvidos, como tudo que já foi capaz de espalhar sobre mim, percorrem minhas veias, caio. Escuto sua voz bem ao fundo em meio uma percepção conturbada do real.
Me ama? Me ama como as  promessas e cartas de amor que dirigiu às mais pobres de espírito? Não confio na pureza desse amor. Não confio na verdade dessas palavras. A cada vez que são ditas é como se ardessem todas as minhas feridas.
Não existe paz depois da mentira.

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