domingo, 1 de novembro de 2009

Eclipse

Os dois estavam sentados, bebendo, já estavam bem a vontade, algo comum. Resolveram trocar as muitas risadas que já haviam dado, por uma conversa
séria. Eram poucos aqueles momentos, a relação que tinham era descontraída demais para isso. Em um minuto eles estavam extremamente sérios. Diana contava a Paulo seus problemas, e ele resolveu compará-los com os seus, do passado. Abriu um vasto monólogo, estava ao mesmo tempo seguro e envergonhado, contava coisas muito fortes a menina, como se quisesse aconselhá-la para não cometer os mesmos erros, como se quisesse compartilhar as coisas mais íntimas em forma de demonstração de confiança.
- Converso muito com outras pessoas assim como com você, mas essas coisas eu não digo a elas. - acrescentou Paulo ao terminar as histórias - Espero que você também não diga.
- E vou dizer pra quem? - observou a menina, como se quisesse fazê-lo entender que só diria coisas como essas a ele.
Diana enquanto ouviu tudo tentou por muitas vezes esconder o espanto e a emoção diante daquelas palavras. Mas ela não teve muito sucesso.
Quando o clima tenso passou, as brincadeiras voltaram rapidamente, e eles voltaram também a fazer outras coisas que faziam juntos. Se havia algo importante nessa relação, era o sexo. Muito mais para Paulo do que para Diana, mas ela o satisfazia, porque se havia algo que os dois faziam perfeitamente juntos, era fugir do convencional. Ninguém conseguia definir aquela amizade, mas naquela noite, não havia ninguém que diria que não era uma amizade.
- A gente podia namorar - disse ele com um sorriso debochado.
Diana só o olhou, e os dois caíram na risada. Ambos sabiam que isso era a maior bobagem que poderiam fazer. Amigos não namoram, amigos se divertem.
Ela pediu pra que Paulo desligasse a televisão, eles não estavam vendo.
- É mania, com a tv ligada eu não me sinto sozinho. – retrucou ele.
Aquilo fez Diana pensar sobre o garoto... Primeiro ela riu, achou engraçado, pois fazia isso quando criança, mas depois pensou que por trás daquela figura desleixada e despreocupada de Paulo, havia também medo, medo de se sentir sozinho, medo das coisas mais simples...


(Tem coisas que escrevo, como esta, e demoro meses pra postar. Ou nunca posto. haha)

Um comentário:

Anônimo disse...

Você devia escrever um livro.
Sério.