quinta-feira, 30 de março de 2017

pensei que fosse rancorosa
de frente aquilo que não me passa
mas sei bem eu que passo tudo
esqueço
perdão transparece
mais que diluído em água
é que ainda pulsa
a dor de quando
como caneta em pouca carga
você riscou minha existência
cada vez mais rápido
cada vez mais forte
sem resquício de tinta
me fez papel rascunho
rasgando ao meio
me desperdiçando por inteiro
sou ferida aberta
que nunca cura
que não estanca
e por isso
não há homem que eu beije
sem sentir o gosto fresco de sangue
não há carinho que me toque
que não arrepie a alma
vivo em tom assustado
a tua amargura me deixou amarga
o bicho selvagem
o bicho solto que em mim habitava
você caçou
e cortou errado
com faca desafiada
azedou a carne
me fez imprestável
virei carcaça
virei carniça para urubus

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