terça-feira, 3 de janeiro de 2017

meu corpo
não é afronta
nem convite
aos penetras
me penetrem
com ideias
nao me prendam
em suas rédeas
meu corpo
é a fonte
é a graça
e a carcaça
seduz caminhos
vagueia errante
reproduz
e deixa marcas
meu corpo
é amontado
de pele, sangue, água
e crânio
não apele
não te fere
que eu não o cubra
com seus mantos
meu corpo
é terra abismo
é buraco
queda ao limbo
nem profano
nem divino
meu corpo
encontra-se perdido
meu corpo
vai
e seu ir e vir
não muda
se desnuda
não insistam em vesti-lo
nao o serve a alma
nem de santa
nem de puta
meu corpo
é instrumento
alimento de energia
é dor no pensamento
do pudor e hipocrisia
meu corpo
é mais um corpo
dentre corpos rápidos
encorporados de tensão
a diferença é que
meu corpo
prefere preguiça
cevada, fumaça, comida
e tesão
meu corpo
já não importa
matéria viva
imagem morta
meu corpo carrega
o útero do mundo
da liberdade
que nunca aborta

Nenhum comentário: