segunda-feira, 8 de abril de 2013

Abismo

Eu vejo você acoado no meio das pessoas, você tem medo delas, tem medo desse mundo que faz tudo ao contrário de você. Essa fraqueza que você sente me torna forte. Nunca tive problemas com o mundo, desprezo a beleza fútil, desprezo os machões, desprezo todos os sorrisos falsos. E você me despreza.

Você me despreza.

Você me despreza quando estamos a sós porque aí não me lembro de quem eu sou, e você continua não sendo ninguém. Você está longe da realidade e perto do que esqueceu ser o que você nunca quis. E eu fico acoada perto de tudo o que a fraqueza te tornou, fico com medo dos seus amigos fracos que te levam pro abismo de não ser. Não se atire aí de cima, me dê a mão, vamos voltar. Eu grito, olha eu estou aqui querendo te salvar!
Vamos passar no meio de toda essa gente. Eu estou aqui parada, soluçando a cada dia a toda facada. Na primeira facada já estava confirmada a minha morte, todas outras 100 foram só sua vontade de matar. Quem é você?
Não é pecado que você não consiga mais chorar diante da crueldade, mas é triste, porque a lágrima é só para as almas sensíveis, assim como a poesia. É por isso que você não ouve mais as minhas.
O medo não me deixa mais acordar enxergando a beleza e encher o papel de borboletas. Abro o olho, meu coração se fecha, fica pequeno, apertado, calado, esperando você não tentar me fazer feliz. Esperando você se lançar para o nada. Qual é a graça de ouvir o meu choro?
Se um dia eu fui linda de qualquer jeito, ainda tenho a esperança que você veja beleza no meu olhar lacrimejante.
Eu queria me divertir, sem pensar, sem você ficar toda hora tentando me mostrar que não estou mais no controle. Eu não quero estar. E você também não deveria querer. Isso é ilusão, permita-se. Está aí sentando nessa beirada há tanto tempo, esperando que eu viesse te buscar, só pra que você pudesse me mandar embora. Por que?

Levante-se.

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